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Mulher descobre tuberculose com ajuda de aplicativo de celular: ‘Meu corpo chegou ao limite’; veja sintomas

Por ano, segundo a ONU, cerca de 1,5 milhão de pessoas morrem pela doença em todo o mundo. Brasil é um dos países com mais diagnósticos de tuberculose.

 

Em abril de 2022, a empresária curitibana Ariane Albino, de 33 anos, começou a ter sintomas de tosse incessante e fraqueza. Após quatro meses entre idas e vindas a emergências de hospitais, Ariane finalmente teve o diagnóstico adequado do que tinha: tuberculose.

A descoberta foi feita após familiares da empresária receberem uma notificação de um aplicativo de celular com a descrição dos sintomas da doença.

Por ano, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 1,5 milhão de pessoas morrem por tuberculose. Ainda conforme a ONU, a doença é considerada a segunda mais mortal, atrás apenas do Covid-19.

Mulher descobre tuberculose com a ajuda do app “Saúde Já”

O Brasil é um dos que possuem as mais altas cargas da doença e de coinfecção. No Paraná, 2.469 pessoas foram diagnosticadas em 2022.

 

A empresária conta que não imaginava que o que estava passando poderia ser sintomas da doença e acreditava que poderia ser um reflexo do estilo de vida que estava levando.

“Eu não sentia vontade de comer, vivia cansada, morta, acabada. Pensava que era só alguma coisa de ‘ah, realmente, estou muito cansada, sou mãe, trabalho, sou empresária, então meu corpo chegou no meu limite'”, relata.

Em julho, a mulher fez uma viagem na expectativa de descansar. Entretanto, durante o passeio, passou a sofrer com sudorese noturna, outro sintoma da tuberculose. Ao retornar para Curitiba a saúde de Ariane se deteriorou.

Foi quando o pai dela recebeu uma notificação do aplicativo Saúde Já, da Prefeitura de Curitiba, que atentava para os sintomas da doença.

“Meu pai recebeu uma mensagem automática sobre os sintomas da tuberculose. Falava justamente sobre tosse há mais de uma semana, sobre sudorese noturna, e aí foi o que acendeu nosso alerta. Ele me ligou desesperado e falou que nós íamos marcar uma consulta com o infectologista”, relembra.

Exemplo de notificação enviada pelo aplicativo Saúde Já — Foto: Reprodução

Exemplo de notificação enviada pelo aplicativo Saúde Já — Foto: Reprodução

Com isso, a médica da família orientou Ariane para a realização de exames, a fim do diagnóstico. Porém, segundo a empresária, desde o início a suspeita da profissional da saúde era a tuberculose.

“Foram dias bem difíceis, de bastante desespero. Tinha que lidar com a tuberculose, ficar longe da minha filha, porque até aquele momento eu não sabia se transmitia ou não, ficar dentro de casa, sem poder sair. Foi a fase mais difícil de enfrentar, de medo, de desespero, de ficar longe dela, de ter que largar o trabalho, tudo”, compartilha.

 

Sintomas da tuberculose

 

Tuberculose: sintomas e formas de transmissão — Foto: Arte G1

Tuberculose: sintomas e formas de transmissão — Foto: Arte G1

A infectologista Camila Ahrens, do Hospital Marcelino Champagnat, explica que existem vários tipo de tuberculose, todas causadas por uma bactéria. A mais conhecida é a pulmonar.

Porém, há casos de tuberculose cardíaca, óssea, na coluna vertebral, no sistema nervoso central, entre outros.

No caso da manifestação pulmonar da doença, os principais sintomas são tosse, perda de peso, falta de apetite, sudorese noturna, emagrecimento, febre e fadiga.

Nos outros casos, os sintomas são parecidos, mas podem ser combinados com outros indícios, ligados ao local em que ocorre.

Entre os principais fatores de risco estão a desnutrição, infecção por HIV, transtornos relacionados ao uso de álcool, tabagismo e diabetes.

Conforme a infectologista, a infecção pela tuberculose acontece a partir da inalação de aerossóis oriundos das vias aéreas, durante a fala, espirro ou tosse das pessoas com a forma transmissível da doença.

“Se uma pessoa infectada tosse, fica no ar, você inala a bactéria, vai para o pulmão. Você pode ter imediatamente a doença ativa, pode ter infecção latente, que é a doença dormindo, ou você pode passar por ela e não ter nenhum sintoma, ou também uma doença de reativação, ou seja, uma doença ativa depois de um longo período de você ter tido contato com a tuberculose”, explica Ahrens.

 

Bactéria da tuberculose — Foto: BBC

Bactéria da tuberculose — Foto: BBC

Ainda conforme a médica, nem todo tipo de tuberculose é transmissível. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa PR), somente casos pulmonares ou de tuberculose laríngea são transmissíveis.

 

Consequências do não tratamento

 

Assim como Ariane, muitos pacientes demoram para receber o diagnóstico adequado da doença, segundo a infectologista Camila Ahrens.

“Eu converso com muitas pessoas que dizem: ‘Ah, mas existe tuberculose ainda?’. Sim, existe, com certeza”, afirma a médica.

De acordo com Ahrens, quando a doença não é tratada a consequência pode ser a morte. Além disso, o paciente pode ter sequelas, como tosse crônica e uso de oxigênio prolongado.

Problema global e estigma

 

Ariane Albino conta que assim que foi diagnosticada com a doença lidou com o estigma.

“A gente ficou em choque, principalmente pelo fato de os meus pais serem mais velhos, então eles viveram uma realidade da tuberculose que era muito assustadora. Antigamente, tinham uma visão de que as pessoas que pegavam tuberculose não se cuidavam, não tinham muita higiene, que não podiam chegar perto. Então, foi um misto de desespero com ‘como assim?'”, afirma.

A situação acontece porque a tuberculose acomete principalmente grupos populacionais vulneráveis socialmente ou biologicamente. Alguns grupos populacionais podem apresentar situações de maior vulnerabilidade.

“É um problema global, que tem que tratar o âmago da questão. Questões de melhorar o acesso à saúde, educação, coisas básicas”, reforça Camila Ahrens.

 

Chances de incidência de tuberculose em populações mais vulneráveis

População vulnerável Risco do adoecimento por tuberculose
Indígenas 3x maior
Privados de liberdade 28x maior
Pessoas que vivem com HIV/aids 25x maior
Pessoas em situação de rua 56x maior

Entretanto, ela não se restringe a essas comunidades, e o caso de Ariane é um exemplo disso.

Segundo a ONU, a maioria das pessoas que desenvolvem a doença são adultos. Dados de 2020 indicam que os homens representaram 56% de todos os casos, as mulheres adultas representaram 33% e as crianças, 11%.

De acordo com a organização, aproximadamente 90% das pessoas que adoecem com tuberculose a cada ano vivem em 30 países: Angola, Bangladesh, Brasil, República Centro-Africana, China, Congo, República Popular Democrática da Coreia, República Democrática do Congo, Etiópia, Gabão, Índia, Indonésia, Quênia, Lesoto, Libéria, Mongólia, Moçambique, Mianmar, Namíbia, Nigéria, Paquistão, Papua Nova Guiné, Filipinas, Serra Leoa, África do Sul, Tailândia, Uganda, República Unida da Tanzânia, Vietnã e Zâmbia.

Ainda conforme o órgão, entre os países da América, o Brasil é o país com o maior número de casos notificados de tuberculose.

Em 2022, cerca de 78 mil pessoas adoeceram por tuberculose no país. O número representa um aumento de 4,9% em relação à 2021, segundo informações da edição especial do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.

Tratamento e prevenção

 

Ahrens explica que o tratamento para a cura da doença é feito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de antibióticos e dura seis meses.

A exceção é o tratamento para a tuberculose no sistema nervoso central, que leva nove meses.

Os profissionais de saúde acompanham de perto o paciente em tratamento, isto porque existe um cuidado para a prevenção da transmissão, evitar a recaída na doença, e prevenir a resistência medicamentosa.

Para a prevenção de algumas formas da doença existe a vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin), ofertada no SUS. O imunizante protege a criança das formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea.

Vacina BCG é aplicada em recém-nascidos e crianças de até quatro anos — Foto: Divulgação/Sesa

Vacina BCG é aplicada em recém-nascidos e crianças de até quatro anos — Foto: Divulgação/Sesa

 

A vacina está disponível nas salas de vacinação das unidades básicas de saúde e maternidades, deve ser dada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até os quatro anos, 11 meses e 29 dias.

Conforme a Sesa, o emprego de medidas de controle de infecção também faz parte das ações de prevenção da doença, tais como manter ambientes bem ventilados e com entrada de luz solar, proteger a boca com o antebraço ou com um lenço ao tossir e espirrar e evitar aglomerações.

Além da prevenção, é necessário também estar atento aos sintomas. Ariane, que passou pela situação faz o alerta.

“Principalmente nós, jovens, que vivemos numa loucura de trabalho. Fica o alerta de cuidar da sua saúde, ficar atento a qualquer coisa diferente que aconteça. Não fique pensando que é só uma gripe, não deixe chegar no limite da situação”, reforça, agora já curada.

FONTE: G1

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