INFOGRÁFICO: entenda a cirurgia do primeiro transplante completo de olho do mundo

Paciente, um operário americano de 46 anos, sofreu lesões graves, incluindo a perda do olho esquerdo, após uma descarga elétrica em junho de 2021.

 

Uma equipe de cirurgiões de Nova York informou nesta semana ter realizado o primeiro transplante de um olho inteiro do mundo, um procedimento descrito como um grande avanço médico, embora ainda não se saiba se o paciente vai recuperar realmente a visão.

A cirurgia inovadora consistiu em extrair parte do rosto e todo o olho esquerdo de um doador e inseri-los no receptor: um operário de 46 anos, que sobreviveu a uma descarga elétrica de 7.200 volts em junho de 2021, quando seu rosto tocou um cabo eletrificado.

Aaron James sofreu graves lesões, como a perda do olho esquerdo, o braço esquerdo acima do cotovelo, todo o nariz e os lábios, além dos dentes da frente, a bochecha esquerda e o queixo até o osso e, por isso, foi submetido à técnica inovadora.

Abaixo, entenda mais sobre a cirurgia e como ela foi feita:

INFOGRÁFICO: entenda a cirurgia do primeiro transplante completo de olho do mundo — Foto: Barbara Miranda/arte g1

INFOGRÁFICO: entenda a cirurgia do primeiro transplante completo de olho do mundo — Foto: Barbara Miranda/arte g1

O operário foi encaminhado ao NYU Langone Health, um centro médico líder em reconstrução facial nos Estados Unidos, onde foi realizada a intervenção em 27 de maio.

Transplantar um olho inteiro foi, durante muito tempo, um dos grandes desafios da ciência médica e, embora os cientistas tenham tido certo sucesso em ratos, aos quais devolveram parcialmente a visão, nunca a operação foi realizada em uma pessoa viva.

Agora, graças a uma abordagem meticulosa e à tecnologia avançada, os médicos conseguiram realizar o procedimento completo (veja detalhes no infográfico).

Após uma cuidadosa avaliação, um doador ideal foi escolhido, levando a um processo que durou quase dois anos, desde o acidente até o transplante. Os médicos utilizaram então uma tecnologia avançada, como planejamento cirúrgico computadorizado em 3D e guias de corte personalizados, para alinhar com precisão ossos e colocar placas e parafusos de forma ideal.

Essa abordagem minuciosa permitiu a colocação cuidadosa da face parcial enxertada e do olho esquerdo no paciente, garantindo uma reconstrução precisa.

Antes da cirurgia, devido à intensa dor, porém, médicos precisaram remover o olho esquerdo do operário. Para preservar opções reconstrutivas, o nervo óptico foi cortado próximo ao globo ocular, iniciando a inédita discussão sobre a inclusão do olho completo com o rosto na cirurgia.

O olho humano se conecta ao cérebro por meio desse nervo, fundamental para transmitir informações visuais. Por isso, recriar essas conexões é crucial para o sucesso de um transplante de olho completo e a restauração da visão.

Na cirurgia, os médicos injetaram ainda células-tronco adultas no nervo óptico do paciente, uma técnica inédita que visa melhorar a regeneração nervosa.

O processo envolveu mais de 140 profissionais de saúde em uma cirurgia de 21 horas.

Os médicos ficaram impressionados com o progresso do olho, especialmente porque, cinco meses após a cirurgia, a córnea está saudável e a retina apresenta um excelente fluxo sanguíneo.

De forma geral, os resultados ultrapassaram as expectativas iniciais, pois inicialmente esperava-se que o olho sobrevivesse pelo menos 90 dias após a cirurgia. Apesar disso, ainda não se sabe se o paciente vai recuperar realmente a visão.

“Estou muito grato com o doador e sua família, que me deram uma segunda chance de viver em um momento de grande dificuldade. Espero que a família encontre consolo sabendo que parte do doador vive comigo”, disse à AFP James, que voltou em setembro ao Arkansas, seu estado natal, para ficar com a esposa e a filha.

Fonte:  https://g1.globo.com/

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