Desde o início da pandemia, alta foi de 26,9%; movimento acompanha reabertura da economia, maior custo com salário e energia e variação das commodities no exterior.
Os produtos e serviços mais buscados para o Dia das Mães estão, em média, 7,2% mais caros neste ano do que o observado em 2022. Os dados são de um levantamento feito pela XP com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde o início da pandemia, esses preços ficaram 26,9% mais altos.
Segundo o economista da XP, Alexandre Maluf, são vários os fatores que explicam o movimento de alta dos preços – como o avanço do setor de Serviços após a reabertura da economia pós-pandemia, os maiores custos com salários e energia, e até a variação das commodities no exterior.
A cesta avaliada pela XP conta com produtos como roupas, acessórios, eletroeletrônicos, maquiagens, joias, perfumes e outros itens, além de serviços como alimentação fora do domicílio e hospedagem (veja a lista abaixo).
Inflação do dia das mães
Item/ grupo do IPCA | Acumulado em 12 meses | 2023 (até agora) | 5 anos | Desde o início da pandemia | Pré-pandemia |
Alimentação fora do domicílio | 8,0% | 1,7% | 30,4% | 19,9% | 25,4% |
Mobiliário | 12,4% | 1,4% | 37,2% | 45,4% | 33,4% |
Aparelhos eletroeletrônicos | -1,7% | -0,4% | 29,7% | 27,8% | 24,9% |
Eletrodomésticos e equipamentos | 6,1% | 1,4% | 44,5% | 42,3% | 35,3% |
TV, som e informática | -10,8% | -2,7% | 11,2% | 12,2% | 12,3% |
Televisor | -10,1% | -3,1% | 1,1% | 19,6% | 15,6% |
Roupa feminina | 14,3% | -1,7% | 27,7% | 28,6% | 26,3% |
Sapato feminino | 14,1% | 1,4% | 23,4% | 26,9% | 24,9% |
Bolsa | 12,0% | 0,5% | 22,6% | 28,0% | 25,9% |
Sandália / chinelo | 12,0% | -1,1% | – | 23,2% | – |
Joias e bijuterias | 1,3% | -0,3% | 49,4% | 27,0% | 42,4% |
Bijuteria | 12,0% | 0,3% | 39,9% | 30,6% | 37,6% |
Joia | -0,4% | -0,5% | 63,5% | 26,3% | 51,9% |
Relógio de pulso | 2,7% | 0,0% | 24,6% | 27,6% | 20,1% |
Perfume | 13,5% | 1,5% | 25,4% | 26,9% | 31,3% |
Artigos de maquiagem | 16,8% | 6,2% | 13,9% | 21,3% | 28,2% |
Hospedagem | 19,0% | 4,7% | 28,9% | 30,2% | 25,9% |
Pacote Turístico | 14,2% | 1,5% | 56,1% | 47,3% | 51,5% |
Livro não didático | 11,5% | 2,2% | – | 20,6% | – |
Aparelho telefônico | -3,0% | -3,4% | 1,5% | 7,0% | 5,2% |
Média | 7,2% | 0,5% | 29,5% | 26,9% | 28,8% |
Nesse sentido, de acordo com a XP, o aumento dos preços também varia conforme o presente. Os filhos que pretendem levar suas mães para comer fora de casa devem pagar 8% a mais do que desembolsaram no ano passado, por exemplo.
Maluf explica que parte do encarecimento desses produtos reflete o problema de escassez de chuvas nos últimos anos – que, inclusive, também se refletiu nas contas de luz do comércio.
“Além disso, com a reabertura da economia, o setor de serviços teve uma recuperação forte por haver uma demanda reprimida por conta da Covid-19, e isso acabou gerando um efeito de recomposição de salários que pressionou também o custo desses restaurantes. Tudo isso acaba sendo repassado para o consumidor”, diz o economista.
Aqueles que preferem dar roupas podem sentir o impacto dos preços do algodão – commodity que, por conta das quebras de safra, registrou um preço recorde no ano passado.
Enquanto isso, os que optarem por presentar suas mães com maquiagens e perfumes ainda devem se deparar com preços mais altos por conta dos aumentos relacionados à indústria petroquímica, que foi afetada pelo aumento nos preços do petróleo e gás natural em meio à guerra na Ucrânia.
Já os filhos que escolherem uma viagem também vão encontrar preços mais altos em hospedagem e pacotes turísticos – nesse caso, reflexo dos custos comprimidos por conta da pandemia.
“O período foi muito severo para o setor de turismo e, agora, essas empresas querem recompor suas grandes perdas, ao mesmo tempo em que a população também está mais ávida a viajar”, diz Maluf.
“Tivemos também algum efeito da passagem aérea, que subiu. O aumento no valor dos combustíveis na aviação (que significa 30%, 40% dos custos do setor), por conta da subida do preço no petróleo, explica as passagens mais caras”, completa o economista.
O outro lado da moeda
Apesar do aumento na média dos preços, alguns produtos e serviços da cesta avaliada apresentaram queda no acumulado de 12 meses, como TV, som e itens de informática (-10,8%) e celulares (-3%), por exemplo.
Nesses casos específicos, diz Maluf, o que explica o alívio dos preços foi a melhora nas condições de oferta dos componentes eletrônicos, após a falta de chips e semicondutores vista durante a pandemia.
“Na pandemia, as pessoas não puderam consumir serviços e passaram a consumir bens, por isso a forte escassez desses componentes”, explica Maluf, ressaltando que conforme a população foi sendo vacinada e voltou a consumir no setor de serviços, a demanda por esses produtos baixou e os preços foram normalizando.
“Esse equilíbrio/alívio na cadeia de suprimentos se reflete, principalmente, na queda dos preços dos eletroeletrônicos. Além disso, temos o momento da economia global. Com a alta dos juros, as famílias acabam por consumir menos esses produtos por conta da restrição ao crédito e renda (efeitos da política monetária)”, afirma o economista da XP.