Corpo de Pelé é sepultado em cemitério vertical em Santos, SP

O corpo do Rei do Futebol foi velado ao longo de dois dias e foi sepultado no primeiro andar do Memorial Necrópole Ecumênica, após decisão da família.

O corpo de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, foi sepultado, na tarde desta terça-feira (3), no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, no litoral de São Paulo. A cerimônia foi fechada para 120 familiares e convidados.

O velório do Rei ocorreu no Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, com início na segunda-feira (2) às 10h e foi encerrado na terça-feira (3) no mesmo horário.

Segundo a assessoria do Santos Futebol Clube, mais de 230 mil pessoas foram se despedir do Rei. O velório contou com a presença de amigos, torcedores, jogadores, ex-jogadores e autoridades como prefeitos, presidentes de associações do futebol e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Caixão do Rei Pelé é posicionado para velório na manhã desta segunda-feira (2) em Santos, no litoral de São Paulo. — Foto: Alexsander Ferraz/ A Tribuna Jornal

Caixão do Rei Pelé é posicionado para velório na manhã desta segunda-feira (2) em Santos, no litoral de São Paulo. — Foto: Alexsander Ferraz/ A Tribuna Jornal

Além deles, o presidente Lula também compareceu ao velório, na manhã desta terça-feira (3), acompanhado de Janja, a primeira-dama. A esposa de Pelé, Marcia Aoki, e os filhos do ídolo, Joshua Arantes, Edinho, Flavia e Kelly Nascimento estiveram presentes ao longo dos dois dias de cerimônia.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, cumprimenta Marcia Aoki durante o segundo dia de velório do Rei do futebol na Vila Belmiro, em Santos, no litoral de SP, nesta terça-feira (3 — Foto: Nelson Almeida/AFP

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, cumprimenta Marcia Aoki durante o segundo dia de velório do Rei do futebol na Vila Belmiro, em Santos, no litoral de SP, nesta terça-feira (3 — Foto: Nelson Almeida/AFP

O ex-jogador Edinho, filho de Pelé, se despede do pai durante velório na Vila Belmiro, no dia 3 de janeiro de 2023 — Foto: Carla Carniel/Reuters

O ex-jogador Edinho, filho de Pelé, se despede do pai durante velório na Vila Belmiro, no dia 3 de janeiro de 2023 — Foto: Carla Carniel/Reuters

O velório para o público foi encerrado às 9h30. O caixão foi coberto com uma bandeira do Brasil e saiu da Vila Belmiro por volta das 10h25. O cortejo foi feito em um carro do Corpo de Bombeiros.

Primeiro, o cortejo seguiu pelo Canal 2, passou pela orla da praia de Santos e seguiu até o Canal 6, onde passou em frente à casa da mãe do Rei, Dona Celeste, de 100 anos, que não fez uma aparição pública por estar debilitada.

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Cortejo passa em frente a praia, em Santos — Foto: g1

Cortejo passa em frente a praia, em Santos — Foto: g1

Por todo o caminho, milhares de moradores se posicionaram pelas ruas do cortejo para aplaudir o eterno Rei do Futebol. Em muitos momentos, por conta da aglomeração, o caminhão do Corpo de Bombeiros encontrou dificuldade para seguir e precisou parar por alguns momentos.

Após a passagem pela casa de Dona Celeste, o cortejo com o corpo de Pelé seguiu até o cemitério Memorial Necrópole Ecumênica, que fica perto da Vila Belmiro, para a despedida final dos familiares e o sepultamento de Edson Arantes do Nascimento.

Multidão faz oração na janela do quarto de Dona Celeste, mãe de Pelé — Foto: Matheus Tagé / G1

Multidão faz oração na janela do quarto de Dona Celeste, mãe de Pelé — Foto: Matheus Tagé / G1

Sepultamento

 

O sepultamento de Edson Arantes do Nascimento ocorreu por volta das 14h em um mausoléu do Memorial. Conforme apurado pelo g1 no último domingo (1º), a decisão de que o Rei do Futebol fosse enterrado nesse espaço ocorreu após um acordo entre o cemitério e a família de Pelé.

Até então, Edson seria enterrado por escolha própria no nono andar da construção vertical, que tem vista para a Vila Belmiro e se trata de uma homenagem ao pai dele, que usava a camisa de número nove nos tempos de jogador.

Segundo a assessoria de imprensa do Memorial, a mudança de andar aconteceu por conta da logística para o acesso ao mausoléu. O cemitério acrescentou que o espaço será aberto ao público no futuro, embora não haja previsão divulgada.

Pelé comprou lóculo em Santos, SP, há mais de 20 anos — Foto: Divulgação

Pelé comprou lóculo em Santos, SP, há mais de 20 anos — Foto: Divulgação

Morte de Pelé

 

Pelé estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, desde 29 de novembro, onde tratava de um tumor no cólon.

O quadro sofreu agravamento no dia 21 de dezembro, quando o boletim médico indicava “progressão oncológica”, com necessidades de cuidados para as funções renais e cardíacas.

Funeral de Pelé: como funciona o sepultamento em cemitério vertical

O próprio ex-jogador definiu como seria seu enterro. Área especial para memorial do rei do futebol está reservada desde 2003. Família ainda deve decidir quando haverá abertura do espaço para homenagens do público.

Cemitério vertical tem 17 mil túmulos — Foto: Memorial Necrópole Ecumênica/Divulgação

Após o velório no Estádio da Vila Belmiro, em que foram mais de 230 mil pessoas, o corpo de Pelé será sepultado no segundo andar do mausoléu do cemitério Memorial Necrópole Ecumênica, que fica a 1 km de distância do estádio na cidade do litoral paulista.

A área para o lendário ex-jogador brasileiro na necrópole existe desde 2003 — Pelé já pensava onde seria seu descanso final e comprou um memorial para seu enterro. O fundador do cemitério, o argentino José Salomon Altstut, o Pepe Altstut, era amigo do rei do futebol e morreu em 2021.

Segundo o diretor do cemitério, Evans Edelstein, o memorial de Pelé é bem maior do que a média dos memoriais — foi construída praticamente toda uma ala voltada para o ex-jogador.

A família ainda vai definir quando a área ficará aberta para visitação do público, diz Edelstein.

Como funcionam os cemitérios verticais

 

O memorial de Santos foi o primeiro cemitério vertical da América Latina: existe desde 1983. Mas a ideia de enterro vertical ainda é novidade para muitas pessoas.

Inovações costumam ter uma introdução lenta no setor funerário, onde o público tende a aderir a formatos mais tradicionais.

O cemitério vertical de Santos tem três tipos de sepultamentos possíveis.

Os memoriais são áreas mais amplas, onde o corpo fica em um espaço selado, e parentes e pessoas próximas têm um espaço exclusivo para homenagens.

Há também os lóculos, que são túmulos menores enfileirados lado a lado e verticalmente em uma parede, onde também é possível fazer visitação e deixar flores.

Famílias que escolhem pela cremação têm a possibilidade de deixar a urna com as cinzas em um espaço chamado cinério.

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Famílias podem deixar homenagens e flores nos túmulos — Foto: Memorial Necrópole Ecumênica/Divulgação

Famílias podem deixar homenagens e flores nos túmulos — Foto: Memorial Necrópole Ecumênica/Divulgação

Câmara lacrada

 

Tanto nos lóculos quanto nos memoriais, os corpos ficam em uma câmara lacrada, onde ocorre a decomposição.

“Tem toda uma tecnologia por trás, mas é como se fosse em um cemitério normal. A câmara é lacrada, não tem cheiro, não tem bichinho”, explica Edelstein.

Os líquidos provenientes da decomposição são colhidos por tubos especiais e descartados adequadamente.

No Brasil, uma resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) já determina que, mesmo em cemitérios tradicionais, o líquido da decomposição seja tratado para que não contamine o solo.

Na prática, no entanto, nem sempre isso acontece, pois os cemitérios mais antigos não foram instalados com a tecnologia necessária.

Pelé escolheu ele próprio seu local de sepultamento — Foto: Memorial Necrópole Ecumênica/Divulgação

Pelé escolheu ele próprio seu local de sepultamento — Foto: Memorial Necrópole Ecumênica/Divulgação

Diamante com fio de cabelo

 

O prédio do cemitério vertical começou com dez andares e foi crescendo: hoje tem 17 mil lóculos.

O grupo de funerárias também oferece um serviço de transformar o cabelo do ente querido em um diamante — através de um processo químico que altera a estrutura da cadeia de carbono.

O processo é feito no exterior e todo filmado. Demora de três a quatro meses.

Pepe Altstut, o fundador do cemitério, explicou em uma entrevista de 2016 que a primeira experiência com a técnica foi realizada com o cabelo do próprio Pelé.

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